O polémico aparato policial no Martim Moniz, em Lisboa, tem gerado críticas à esquerda. Partido Socialista, Bloco de Esquerda e Livre já pediram uma audição da ministra da Administração Interna no Parlamento para esclarecer esta operação da PSP. O primeiro-ministro já se referiu à intervenção como "muito importante" para criar "visibilidade e proximidade" no policiamento e aumentar a "sensação" de tranquilidade dos cidadãos portugueses. Contudo, 24 horas depois, ainda não há resposta a qualquer pedido de esclarecimento ou declaração sobre o assunto por parte de Margarida Blasco.
De visita à zona do Martim Moniz esta sexta-feira, Pedro Nuno Santos questionou a legalidade da intervenção da PSP naquele local e criticou a “instrumentalização política” da ação policial.
"Aquela ação não fez nada pela segurança dos portugueses", criticou o líder socialista, ressalvando que a intervenção “sinalizou uma comunidade como potenciais criminosos".
Pedro Nuno Santos lamentou ainda não ter ouvido nem da parte do presidente da Câmara de Lisboa nem do primeiro-ministro "soluções ou políticas concretas ara resolver problemas da segurança e da insegurança".
O principal partido da oposição já anunciou que quer que a ministra da Administração Interna e o Diretor Nacional da PSP sejam ouvidos no Parlamento.
"A ação de ontem tem de ser explicada e os fundamentos que justificaram a ação de ontem têm de ser explicados".
Já no debate parlamentar desta sexta-feira de manhã, a deputada do PS Isabel Moreira considerou que a forma como decorreu a operação policial no Martim Moniz era "inaceitável num regime democrático" e pediu a audição da ministra da Administração Interna e do diretor nacional da PSP.
Perante "a gravidade dos acontecimentos" e "a negação do Estado de Direito", o PS deu entrada de um requerimento para ouvir a ministra da Administração Interna e o líder máximo da PSP.
O tema da operação policial de quinta-feira no Martim Moniz, em Lisboa, foi trazido por partidos como o PS, o Chega, o BE, o PCP ou o CDS-PP para um debate que contou com a presença de Margarida Blasco.
Por sua vez, o líder parlamentar do BE considerou que não foi por coincidência que "no mesmo dia em que PSD aprova medidas do Chega que atacam o acesso de imigrantes ao SNS", se tenha assistido à "perseguição e intimidação a imigrantes no centro de Lisboa", afirmando que "quem mandou encostar dezenas de imigrantes na Rua do BenFormoso está aqui sentado, foi o Governo, que capitulou e se rendeu à agenda da extrema-direita".
O deputado comunista António Filipe considerou por seu lado que o que se passou no Martim Moniz "foi um espetáculo e foi lamentável".
Apesar das várias interpelações sobre o assunto durante a sessão parlamentar, que decorreu horas depois da operação policial, a ministra da Administração Interna não abordou o tema da operação policial nem na sua intervenção inicial nem no encerramento do debate.
Passadas 24 horas desde a intervenção no Martim Moniz, Margarida Blasco não prestou qualquer esclarecimento nem declaração sobre o assunto. A RTP contactou o ministério, mas sem sucesso. Face à ausência de resposta por parte do MAI, o pedido de esclarecimento foi reencaminhado para o Gabinete do primeiro-ministro, que também não respondeu até ao momento.